ATA DA QUADRAGÉSIMA PRIMEIRA SESSÃO SOLENE DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 24.9.1992.

 


Aos vinte e quatro dias do mês de setembro do ano de mil novecentos e noventa e dois reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Quadragésima Primeira Sessão Solene da Quarta Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às dezessete horas e trinta minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Pre­sidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão Solene desti­nada a homenagear a FAMECOS-PUC pela passagem do quadragésimo aniversário de fundação e para entregar o Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor Airton Santos Vargas, concedidos através do Requerimento nº 159/92 (Processo nº 1758/92), do Vereador Antonio Hohlfeldt e do Projeto de Resolução nº 35/92 (Processo nº 1411/92), do Vereador Leão de Medeiros. Após, o Senhor Presidente convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Vereador Dilamar Machado, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Senhor Sérgio Porto, Secretário Extraordinário da Casa Civil, representando o Governador do Estado; Jornalista Antonio Firmo Gonzales, Diretor da Faculdade dos Meios de Comunicação Social da PUC; Senhor Airton Santos Var­gas, Homenageado; Senhora Neonice Vargas, Esposa do Homenageado; Irmão Norberto Rauch, Reitor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; Senhor Ruy Pauletti, Reitor da Universidade de Caxias do Sul; e o Vereador Leão de Medeiros, 1º Secretário. E como extensão da Mesa: Senhor Jonas Lopes, Secretário Municipal da Fazenda de Caçapava do Sul e Senhoritas Alessandra, Arlete e Fabiane, Filhas do Homenageado. Após, o Senhor Presidente pronunciou-se acerca da solenidade, analisando as homenagens, hoje, prestadas por este Legislativo. Falou sobre a entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor Airton Vargas, comentando o desempenho desse Cidadão em prol da educação. Discorreu, também, sobre a passagem dos quarenta anos da FAMECOS/PUC. Em continuidade, convidou a todo para, de pé, ouvirem o Hino Nacional, e, ainda, concedeu a pa­lavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Antonio Hohlfeldt, proponente e pelas Bancadas do PT e PL, co­mentou acerca da categoria dos profissionais dos meios de comunicação. Falou sobre ambas homenagens, analisando o objetivo desta Casa em festejar momentos diferentes que acabaram sendo programadas num momento único e ambas ligadas ao mesmo tema que á a educação. Informou, também, que é de grande responsabilidade dos profissionais que buscam e transmitem informações reais dos fatos, ressaltando a importância da Faculdade dos Meios de Comunicação Social. Disse, ainda, ser o reconhecimento de Porto Alegre ao Senhor Airton Vargas, outorgando-lhe o Títu­lo Honorífico de Cidadão Emérito. O Vereador Luiz Braz, em nome da Bancada do PTB, referiu-se sobre a importância das homenagens hoje prestadas pela Casa, justificando a concessão do Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor Airton Vargas Afirmou que foi aluno da FAMECOS/PUC, momento em que se trans­punha a época da ditadura militar, afirmando que embora esti­vesse num regime ditatorial os professores jamais cingiram os alunos dessa Faculdade aos ditames daquele período. Cumprimen­tou o Diretor da FAMECOS e corpo docente dessa Faculdade, bem como, o Senhor Airton Vargas pelo merecimento do mencionado Título. O Vereador Isaac Ainhorn, em nome da Bancada do PDT, te­ceu comentários sobre o evento de hoje, analisando as homenagens prestadas, bem como, a presença significativa dos representantes da Cidade nesta solenidade. Reportou-se sobre a concessão do Título Honorífico ao Senhor Airton Vargas, discorren­do sobre fatos ocorridos na Escola Estadual Júlio de Castilhos, quando aluno do Homenageado, ressaltando a concepção pedagógica, o respeito e a valorização do corpo discente e docente da­quela época. O Vereador Leão de Medeiros, proponente e em nome das Bancadas do PDS, PMDB e PPS, falou sobre a concessão do Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor Airton Vargas e a homenagem à FAMECOS/PUC pelos quarenta anos de fundação, parafraseando o ex-Deputado Estadual Airton Vargas. Ressaltou o desempenho do Homenageado, lembrando a atuação do mesmo na área da educação, afirmando que sua vida é uma consagração à causa pública Enumerou os títulos concedidos ao Homenageado. Disse, ainda, que a FAMECOS é a responsável, no campo da educação, pela veridicidade das informações de fatos, ressaltando a importância dessa Faculdade. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença, em Plenário, dos Senhores Paulo Geremias, Diretor Adjunto do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial; Tuiskon Dick, ex-Reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Carlos César de Albuquerque, Presidente do Hospital de Clínicas de Porto Alegre; Roberto Said, Presidente do Conselho Estadual de Educação; Antonio Ferreira de Mello; Jorge Pereira de Lima, Diretor da Faculdade de Medicina da PUC; Solon Tavares, Prefeito Municipal de Guaíba; José Carlos Mello D’Ávila, Presidente da EPATUR, representando o Prefeito Municipal; Avelino Madalozzo, Vice-Reitor da Pontifícia Universidade Católica; Paulo Pinto; Mário Ramos; Antonio Fornari; ex-Deputado Pedro Américo Leal; Deputados Emídio Perondi; Jarbas Lima; Lóris Reali; Coronel Pedro Matuzalém de Vasconcelos, representando a Brigada Militar; Tídio Martins e Senhora Glaci Rolim, representando a Secretaria Municipal de Educação. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Antonio Firmo Gonzalez que agradeceu a homenagem prestada à FAMECOS/PUC, discor­rendo sobre os cursos oferecidos pela referida Faculdade que defende a liberdade de informação. Após, o Senhor Presidente convidou a todos para, de pé, assistirem a entrega do Diploma ao Senhor Airton Vargas pelo Vereador Leão de Medeiros. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Airton Vargas que reportou-se sobre os quarenta anos da FAMECOS, afirmando que seus serviços são em prol da coletividade. Falou so­bre a qualificação do ensino e agradeceu pelo Título recebido. Às dezenove horas e dezesseis minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, agradecendo a presença de todos e convocando os Senhores Verea­dores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Dilamar Machado e se­cretariados pelo Vereador Leão de Medeiros. Do que eu, Leão de Medeiros, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e por mim.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE: Senhores e Senhoras, tenho a honra de, na condição de Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, participar desta Sessão Solene destinada, nesta tarde, a homenagear a Faculdade dos Meios de Comunicação Social da PUC – FAMECOS – pela passagem dos seus quarenta anos de atividades e, paralelamente, a entrega do título de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Sr. Airton Santos Vargas.

Duas homenagens que a mim, pessoalmente, dizem muito de perto: FAMECOS pela minha origem profissional como jornalista e radialista e, até porque, nesta cidade, assisti ao surgimento da Faculdade dos Meios de Comunicação Social e, nos seus primórdios, participei como radialista em alguns eventos e vi se formarem turmas e turmas de colegas que hoje engrandecem os nossos meios de comunicação. Com relação ao Airton Vargas, uma alegria revê-lo, meu ex-colega de Parlamento Estadual e, sem sombra de dúvida, uma figura humana das melhores que o Rio Grande respeita, acata e para a Casa Legislativa da Capital do Estado é uma grande honra incorporá-lo entre os nossos Cidadãos Eméritos. Para a Legislação, que regula esta matéria, o Título de Cidadão Emérito é dado pelos Vereadores, é outorgado pelos Vereadores, a pessoas que se destacam no seu meio de atuação e, sem sombra de dúvida, entre outras tantas atividades do Deputado Airton Vargas, inclusive ex-Presidente da Assembléia do Estado, a sua vida tem sido uma dedicação permanente à área da educação, hoje representando o Ministério de Educação em nosso Estado e esta é uma das razões que levaram a Casa, por unanimidade, a conferir-lhe o Título de Cidadão Emérito.

Compõem a Mesa conosco representando o Sr. Governador do Estado, o Dr. Alceu Collares, o ilustre Chefe da Casa Civil do Governo Estadual, Dr. Sérgio Porto; representando a FAMECOS, o Diretor da FAMECOS, o jornalista Antonio Firmo Gonzales; Dr. Airton Vargas e sua esposa, Neonice Vargas, nosso homenageado; Irmão Norberto Rauch, Reitor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e Dr. Ruy Pauletti, Reitor da Universidade de Caxias. Por questões meramente de locação, considero com honra, como extensão da Mesa, o ilustre Secretário Municipal da Fazenda de Caçapava do Sul, representando a Prefeitura de Caçapava, Sr. Jonas Lopes; e os filhos do nosso homenageado Airton Vargas, Alessandra e Arlete.

Convido a todos presentes, na abertura dos trabalhos, para que, de pé, ouçamos o Hino Nacional Brasileiro.

 

(É executado o Hino Nacional.)

 

O SR. PRESIDENTE: Vamos conceder a palavra aos Vereadores que representam suas respectivas Bancadas para saudação conjunta à FAMECOS e ao Cidadão Emérito Airton Santos Vargas. Inicialmente, concedo a palavra ao nobre Ver. Antonio Hohlfeldt que, em nome das Bancadas do Partido dos Trabalhadores e do Partido Liberal, falará fundamentalmente como proponente da homenagem à FAMECOS.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Exmo. Sr. Ver. Dilamar Machado, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre. Exmo Sr. Secretário Extraordinário da Casa Civil, Sr. Sérgio Porto, na representação de Sua Exª o Sr. Governador do Estado do Rio Grande do Sul. Meu prezado, longo, grande e querido companheiro de trabalho, jornalista Antonio Firmo Gonzales, que, quer na Companhia Jornalística Caldas Júnior, quer na FAMECOS, quer no sindicato, quer na ARI, quer em tantas missões que já desempenhou ao longo dos anos, tem sempre bem representado a nossa categoria dos jornalistas do Rio Grande do Sul e que é atualmente o Diretor da Faculdade dos Meios de Comunicação da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Prezado Doutor Airton dos Santos Vargas e sua esposa Dna. Neonice, que hoje recebem esta homenagem proposta pelo Ver. Leão de Medeiros. Meu prezado Reitor da Pontifícia Universidade Católica, Prof. Irmão Norberto Rauch. Meu prezado ex-companheiro Doutor Ruy Pauletti, do tempo em que trabalhei na Universidade de Caxias do Sul, hoje sendo o Reitor daquela Universidade. Queria, também, me permitir incluir nesta saudação, muito especialmente, o Prof. Brito, como chefe da área de jornalismo da FAMECOS, o Doutor Mário Ramos, que, quando na Secretaria de Turismo, tive o orgulho de trabalhar dentro de projetos, que até me alegram muito na área de cultura deste Estado. Ao ex-Deputado Pedro Américo Leal, que vejo aqui, com muita alegria; ao nosso Prefeito de Guaíba, Dr. Solon Tavares, enfim, a tantas pessoas, mais ou menos conhecidas, com maiores ou menores cargos públicos que acorrem, hoje, a esta Sessão. Uma Sessão que tem coincidência, uma sessão que reúne duas homenagens, que foram decididas pelo Plenário da Casa em momentos diferentes, e que acabaram sendo programadas num momento único e ambas ligas a um tema, que é a questão exatamente da educação. Coube a mim, na condição de proponente da Sessão em homenagem aos 40 anos da FAMECOS, falar não apenas pelo meu partido, o Partido dos Trabalhadores, como por indicação do companheiro Wilson Santos, em nome também do Partido Liberal. Pode parecer exatamente uma contradição, afinal, ideologicamente temos tantas diferenças, no entanto, vejam os senhores, a nossa Bancada indicou o Ver. Leão de Medeiros, que falará depois, na saudação ao Prof. Airton Vargas, e também, evidentemente, temos profundas diferenças, mas isso acho que justamente marca aquele nível da democracia e da convivência que temos numa Casa política e é importante que tenhamos, exatamente, este respeito, neste convívio das diferentes bancadas, aqui, na Câmara Municipal de POA. Registro, também, a minha profª Dóris, de quem partiu a idéia desta homenagem à FAMECOS. Muitos dos companheiros aqui vão, talvez, estranhar por que comemorar 40 anos de uma Faculdade de Comunicação? Eu diria que se outro motivo não tivesse, do que a simples sobrevivência de uma Faculdade num país de tão pouca tradição cultural e educacional, quanto a do Brasil, o sobreviver 40 anos já é significativo. Eu acho que o próprio episódio, o próprio momento político que nós estamos atravessando, justificaria esta homenagem e esta reflexão que é dirigida a uma Faculdade que prepara profissionais dos Meios de Comunicação, e prepara, portanto, aqueles profissionais que, muitas vezes, não são devidamente valorizados que, no entanto, pelo menos neste momento, com absoluta clareza para o conjunto da população brasileira, vêm desempenhando uma função profundamente importante, a da informação. Tradicionalmente, algumas pesquisas têm indicado que a imprensa é uma das instituições menos críveis, menos respeitadas do Brasil. Isso não ocorreu só uma ou duas vezes, mas diversas vezes tem havido esta indicação. No entanto, vejam os Senhores, nos últimos tempos, efetivamente, os Meios de Comunicação assumiram um papel profundamente importante, não se limitando apenas a acompanhar fatos, a noticiar acontecimentos, mas, sobretudo, desenvolvendo aquilo que seria fundamental no papel de um jornalista e que um ex-jornalista, um ex-Presidente do Sindicato de Jornalistas de São Paulo e um ex-Deputado Federal, há alguns anos atrás, sintetizaram. Quando indagados sobre o que faz um jornalista, Audálio Dantas dizia apenas: “Um jornalista pergunta e, ao perguntar, levanta os eventuais véus que encobrem a realidade”. Ora, neste momento, nos últimos meses, os Meios de Comunicação em geral, não apenas a imprensa gráfica, mas o rádio e a televisão, fez esta tarefa básica que define a nossa profissão de jornalistas. Os jornalistas começaram a perguntar, começaram a buscar as informações o mais longe possível, e, sem escândalos, sem escarcéus, começaram a transmitir estas informações. O resultado nós aí temos. Na minha classe de todas as terças feiras, no curso de especialização, eu desenvolvo com os meus alunos e estudo algumas das teorias mais comuns em torno dos Meios de Comunicação. Uma delas é a chamada “teoria de agenda”. Até que ponto os Meios de Comunicação nos pautam, agendam as nossas preocupações. Ou até que ponto, em última análise, o que nós vivemos, as nossas preocupações acabam pautando os Meios de Comunicação. É muito provável que, na maioria dos casos, boa parte da população acabe pautando os Meios de Comunicação que, dentro de um sistema capitalista, deve vender e, portanto, deve atender à demanda do público para ter o seu consumo. Mas é inequívoco que, nos últimos tempos, os Meios de Comunicação souberam desempenhar esta função extremamente importante que era de, informando, levar à opinião pública a um posicionamento muito claro e inequívoco. Na verdade, nós podemos quase que datar esta grande mudança nos Meios de Comunicações brasileiros. Acho que não estarei muito errado se disser que isto começou a acontecer a partir da chamada Campanha das Diretas. E, realmente, a partir da Folha de São Paulo, e todos os Senhores aqui vão lembrar deste episódio, nós passamos a ter uma participação efetiva de jornalistas, enquanto profissionais, e dos Meios de Comunicações, enquanto Instituições de uma realidade brasileira que todos nós discutíamos. Este dado é fundamental, porque, muitas vezes, nós menosprezamos a função de uma Faculdade de Meios de Comunicação Social. Os Senhores sabem que há uma campanha, que não é tão sutil assim, querendo acabar com os cursos de Comunicação Social. Eles não são importantes, qualquer pessoa pode virar jornalista. Contraditoriamente, certamente nenhum de nós ousaria correr o risco de propor o extermínio de um curso de Medicina. Afinal de contas, não correríamos o risco de ter, entre aspas, “um médico” a nos cuidar, sem o preparo mínimo, por mais deficiente que seja, e que nós tanto criticamos, às vezes, as nossas Faculdades, e que corrêssemos o risco de depois vir a nos receitar, ou a nos cortar, ou nos ferir ou curar erradamente. Pois vejam, os senhores, parece-me que não há muita diferença de responsabilidades entre um médico, que cuida do nosso corpo, e de um jornalista, que, no fundo, cuida, sim, do corpo social da sociedade, e pode matar esta sociedade, se não tiver um preparo básico para exercer a sua profissão eticamente, da sua responsabilidade, enquanto cidadão, do seu País e do seu momento. Eu queria aproveitar este momento, esta platéia, hoje, é uma platéia muito especial, porque se homenageia um Professor, se homenageia uma pessoa que teve funções altas em toda a estrutura do Estado do Rio Grande do Sul, e que ainda, agora, desempenha funções básicas, - reunimos aqui, professores, técnicos, representantes das áreas mais diversas, - para que nós reflitamos sobre a função dos Meios de Comunicação Social, que tem uma função ética, que tem uma função política, não partidária, e que tem uma função sim, educacional e pedagógica. E é por isto que, com muita honra, quando a Professora  Dóris me pediu que eu fizesse esta proposta ao Plenário desta Casa, eu a fiz. Eu fui aluno da FAMECOS, aluno naqueles primeiros tempos em que a FAMECOS se havia separado da Filosofia da PUC, e que tinha uma primeira direção autônoma na figura do Professor Candiota. Na minha turma tinham nomes como Ana Amélia Lemos, hoje, profissional conhecida de todos, desempenhando suas funções em Brasília; tinham nomes como Geraldo Canali, hoje, inclusive, fazendo estágio no Continente Europeu; tinham nomes como, por exemplo, Mauro Azeredo, que já foi Prefeito de Santo Ângelo, hoje é Deputado Estadual e que era, também, do nosso grupo. E tinha eu lá, tentando aprender a vida e tentando aprender a função de jornalista. Inclusive, alguns episódios que o Antoninho certamente terá, ainda, lembrança, não por ser do tempo dele exatamente, porque ele não era o Diretor na época, o Diretor era o professor Candiota, que integrava os Diários Associados, mas coisas que para o nosso aprendizado de jornalista foram muito importantes. Nós tínhamos um jornalzinho de aula feito em mimeógrafo, daqueles rolos de gelatina antiga, que nós rodávamos no escritório do meu pai, escritório de contador. E nós numa briga medonha com o Diretor da Faculdade, quando a gente não tem briga com o Reitor, tem briga com o Diretor, porque senão não tem graça, para o estudante não tem graça, nós, então, publicamos num dos jornais uma manchete bombástica: FAMECOS sem Diretor. Evidentemente, o Diretor para garantir que existia, propôs a expulsão de todos nós. O que quase ocorreu, de fato, não fora a substituição do professor Candiota, não por nossa pressão, evidentemente, mas enfim o professor Candiota se aposentava e era substituído, logo depois, pelo professor Alberto André. O Alberto André deu uma virada, aliás, em tudo que o Alberto André toca ele dá uma virada profissional. Ele realmente estruturou a FAMECOS enquanto um curso profissionalizante. Depois do Alberto André, o Antonio Gonzales, que carrega piano de todo lado; falou em jornalismo, o Antoninho não refuga tarefa. Acho que a FAMECOS tem dado saltos ao longo desses anos, os vinte mais recentes que eu acompanhei, porque hoje eu tenho a honra também de dizer que eu sou professor da FAMECOS na graduação e nos cursos de especialização que nós pretendemos, muito em breve, ver transformados em efetiva pós-graduação. Tenho muita honra de, ao lado desse trabalho, exercer ainda hoje, lado a lado com o meu mandato, a tarefa do jornalista, porque essa, realmente, ninguém me tira. A outra dependerá sempre do eleitor, renovável ou não, de 4 em 4 anos. Mas o jornalismo realmente deu a mim, como está dando a milhares de jovens que se formam na Unisinos, na FAMECOS da PUC, em Pelotas, na UFRGS, agora na ULBRA, esta oportunidade de refletir sobre a nossa possibilidade de intervir diretamente na realidade e no curso dos fatos a partir da informação. Já é consensual, já é clássica a afirmação que nasceu dos Estados Unidos de que a imprensa é o quarto poder na alusão aos demais poderes da política. Eu diria que a imprensa, na verdade, é a capa dos três poderes. Ela pode, realmente, constituí-los e fortalecê-los ou pode, ao contrário, derrotá-los, destruí-los, e nós temos um desafio importante e bonito, bonito no sentido da construção de história que estamos fazendo nesse momento. E eu espero que ao comemorarmos os 40 anos da FAMECOS, hoje, neste Plenário, junto à homenagem ao Professor Airton Vargas, nós possamos estar projetando a permanência da FAMECOS. Não pela FAMECOS em si, mas pelos nossos filhos, pelos nossos netos, para que eles tenham o direito a uma informação real, a uma informação ética, a uma informação que lhes permita ser cidadãos, como todos nós temos tentado ser ao longo das nossas vidas. Por isso, Antoninho a nossa homenagem muito especial à FAMECOS; através, sobretudo, dos professores que a constroem, porque uma faculdade é sobretudo dos professores, dos alunos, não dos bancos e não das salas, ao irmão Norberto como Reitor da PUC, pela força que tem dado às nossas mudanças, os nossos incrementos dentro da área da FAMECOS, ao Professor Airton Vargas, pela homenagem que recebe e acho que todos nós juntos, poderemos garantir a permanência desse processo de informação que passe por um curso de jornalismo, sim, que passe pela liberdade de informação, sim e que passe, sobretudo, pelo crescimento do nosso País. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Antes de passar a palavra ao próximo orador, quero registrar a presença, em Plenário, dos Srs. Paulo Geremias, Diretor Adjunto do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial; Tuiskon Dick, ex-Reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Carlos César de Albuquerque, Presidente do Hospital de Clínicas de Porto Alegre; Roberto Said, Presidente do Conselho Estadual de Educação; Antonio Ferreira de Mello; Jorge Pereira de Lima, Diretor da Faculdade de Medicina da PUC; Solon Tavares, Prefeito Municipal de Guaíba; José Carlos Mello D’Ávila, Presidente da EPATUR, representando o Prefeito Municipal; Avelino Madalozzo, Vice-Reitor da Pontifícia Universidade Católica; Paulo Pinto; Mário Ramos; Antonio Fornari; ex-Deputado Pedro Américo Leal; Deputados Emídio Perondi; Jarbas Lima; Lóris Reali; Coronel Pedro Matuzalém de Vasconcelos, representando a Brigada Militar; Tídio Martins e Senhora Glaci Rolim, representando a Secretaria Municipal de Educação.

Com a palavra, em nome da Bancada do PDT, o Ver. Isaac Ainhorn.

 

O SR. ISAAC AINHORN: (Menciona os componentes da Mesa.) De um lado as homenagens que simultaneamente são prestadas, e acredito que muito a ver uma com a outra, pelos 40 anos da Faculdade dos Meios de Comunicação Social da PUC, a requerimento do nobre Ver. Antonio Hohlfeldt, de outro lado, homenagem que nesta tarde se presta ao Prof. Airton dos Santos Vargas pela outorga do título de Cidadão Emérito de Porto Alegre, e pela presença significativa daquilo que diríamos se constituir na elite cultural, política, e social da nossa Cidade e do nosso Estado. Presenças políticas significativas dos ex-Deputados Emídio Perondi, Lóris Reali, presença significativa do Deputado Estadual Jarbas Lima, presença do nosso Prefeito de Guaíba, de uma cidade que cresce, que muito vai ter de importância do nosso Delta do Jacuí no contexto da nossa Cidade com o Guaíba. Hoje, olhamos Guaíba e, de repente, se vê a Cidade de Niterói, já reluzente e próspera Guaíba. Presenças significativas como a do Reitor Cristian Dicke, do Diretor-Presidente do nosso Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Professor Jorge Pereira Lima; meu Professor Paulo Pinto de Carvalho e também de outro querido Professor que aqui nos honra, Professor Décio Floriano. Talvez aí esteja o mote para algumas considerações e reflexões que, em meu nome pessoal e em nome da Bancada do PDT, nós gostaríamos de fazer. A figura do Professor Airton Santos Vargas marca-me muito, pessoalmente, porque embora uma diferença de idade, hoje já não tão grande, numa determinada época as diferenças são muito grandes, outras elas se reduzem. Eu era aluno do Colégio Estadual Júlio de Castilhos, símbolo de uma época que hoje os meios de comunicação definem como anos rebeldes, e o Professor Airton Santos Vargas era mestre daquela Escola. Tive a oportunidade de ser seu aluno e ter sido honrado com algumas notas boas, sobretudo, com uma redação, inesquecível para mim, quando comecei com a citação de Cícero em que a história é mestre da vida. É muito importante este momento porque expressa, de uma certa maneira, todo o contexto de uma época, uma época de grande ebulição como aquela década de 60 e esta que nós estamos vivendo. Fui aluno do Professor Airton Santos Vargas e, igualmente, numa outra relação na condição de dirigente estudantil na década de 60, e o Prof. Airton Vargas, Diretor do Colégio Estadual “Júlio de Castilhos”. Mas as relações sempre foram do maior respeito, consideração e de valorização. Talvez aí, naquela época, naquela década, nós estivéssemos construindo uma nova concepção pedagógica, baseada, fundamentalmente, na liberdade e no respeito humano. Discutia-se muito, na época, se os estudantes deveriam, ou não, participar da vida nacional, se deveriam, ou não, intervir no processo político. Era um questionamento que se fazia, na época. Hoje, passados 30 anos daquela época, nós não temos mais dúvidas, e as gerações mais velhas aplaudem, com satisfação, quando vêem os estudantes nas ruas das cidades, nas ruas das grandes metrópoles, exigindo e cobrando posições dos governos. Esta é a prática que hoje se aplaude. Há 30 anos havia a prática, mas se questionava se era válida ou não. E o “Júlio de Castilhos”? O Prof. Airton teve papel importante na condição de seu Diretor. Era uma escola “sui generis”, tão “sui generis”, que até hoje recordamos dos nomes dos Diretores, como se fossem governadores, como se fossem presidentes: Prof. José Lodero, Prof. Werner Kiel, Prof. Airton Vargas, Prof. Humberto Jessinger, quase acompanhando na cronologia histórica de cada um dos Diretores. O Grêmio Estudantil, naquela época, naquela década, tínhamos uma estrutura de governo e ali exercitávamos a cidadania. O Grêmio, como estrutura, o poder judiciário, o poder executivo, o poder legislativo. Tudo isso são partes de uma época que vivemos juntos. Nesta oportunidade fazemos o registro, quando a Câmara de Vereadores da Cidade de Porto Alegre outorga ao cidadão Airton dos Santos Vargas o Título de Cidadão Emérito da Cidade de Porto Alegre. É o reconhecimento, é isto que representa esta reunião, é a representação política da Cidade de Porto Alegre, que conhece, que reconhece, que outorga cidadania a alguma pessoa, pelos relevantes serviços que prestou a Cidade. É isto que nesta Sessão fazemos, fazemos com uma platéia, com um público, extremamente representativo como disse no início dos trabalhos. De outro lado, a homenagem aos 40 anos da Faculdade de Meios de Comunicação Social. O Ver. Antonio Hohlfeldt colocava, exatamente, a importância deste curso, notadamente numa época em que se questiona a existência, ainda, deste curso. É óbvio que é uma importância indiscutível a manutenção. Sequer pode passar por qualquer mente sã a possibilidade de eliminar um curso dessa magnitude, tão importante como das ciências jurídicas e sociais e da medicina no conjunto do contexto das relações sociais, exatamente, porque a pena, o vídeo, a imagem, o som, sem o necessário tratamento na universidade, sem o necessário tratamento acadêmico pode nos conduzir a situações verdadeiramente catastróficas. Daí porque a importância, ao lado da homenagem que se presta ao Professor Airton dos Santos Vargas, a homenagem que igualmente esta Casa realiza por ocasião dos 40 anos da criação desta Faculdade numa Sessão Conjunta.

São estas as razões por que a nossa Bancada, o PDT, entendeu de se manifestar a respeito. Exatamente, de um lado, a homenagem a um homem que merece o reconhecimento e o respeito da Cidade de Porto Alegre, e que a Cidade resgata este compromisso de outorga de cidadania através desta Sessão Solene que se realiza e, de outro lado, pelos 40 anos da Faculdade de Meios de Comunicação Social da PUC.

Nossas homenagens ao Prof. Airton Santos Vargas, à sua esposa, aos seus familiares, aos seus amigos, porque é um motivo de muito orgulho por ser importante, por ser um marco a outorga do título de Cidadão Emérito para alguém que muito construiu em benefício da Cidade de Porto Alegre e que, não temos dúvidas nenhuma, ainda continuará a ter um papel importante no contexto da vida cultural e social desta Cidade e deste Estado. De outro lado, a nossa satisfação ao prestar esta homenagem pelos 40 anos da FAMECOS sob a batuta firme do Professor e Jornalista Antonio Firmo Gonzales. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Apresentamos nossas desculpas aos convidados pelo desconforto de muitos. Por outro lado, também pedimos aos Senhores e Senhoras representantes da sociedade porto-alegrense que levem a todos a informação de que esta Casa é como o povo, que se apresenta: singela e sem mordomias.

Com a palavra, o Ver. Luiz Braz, que falará em nome da Bancada do PTB.

 

O SR. LUIZ BRAZ: (Menciona os componentes da Mesa.) É claro que acredito que, hoje, se a Mesa tivesse que ser composta por todas as autoridades presentes, realmente não existiria lugar suficiente para abrigar todos os que vieram aqui para prestar esta homenagem ao Dr. Airton Vargas e também para homenagear os 40 anos da FAMECOS. Nós ouvimos os dois primeiros oradores, os Vereadores Antonio Hohlfeldt, e Isaac Ainhorn, e eles teceram em suas palavras as homenagens que esta Casa deve prestar ao Dr. Airton Santos Vargas, que está recebendo o título de Cidadão Emérito. Realmente, para esta Casa foi motivo de um grande orgulho poder receber mais um  Cidadão  Emérito e se orgulhar do poder ter tido a unanimidade da Casa fazendo com que este Cidadão Emérito possa, a partir de agora, ou pelo menos a partir da votação orgulhar todos os Vereadores que participaram daquela Sessão. Mas o motivo maior que me traz a esta Tribuna, é exatamente eu ter sido aluno da FAMECOS. Eu me formei na FAMECOS na metade do ano de 1981 e talvez nós estivéssemos, jornalistas que éramos saindo assim de um período realmente muito difícil da vida nacional, nós estávamos transpondo uma época de ditadura ou estávamos tentando transpor esta época de ditadura. Eu lembro que o que me fez fazer o curso de Jornalismo, foi exatamente não ter tido a oportunidade de ser registrado como jornalista profissional, se não me engano lá pelos anos de 1970 quando se extinguiu o  direito de se conseguir o registro como jornalista provisionado e nós então buscamos de todas as formas fazer a Faculdade para conseguirmos então o nosso registro já que a nossa função era uma função que nós exercíamos dentro do rádio, mas que era eminentemente uma função de jornalista, só dormimos no ponto, e o direito não favorece a quem dorme no ponto, e acabamos perdendo a oportunidade em 1970.

Mas, foi realmente, eu acredito, um presente divino, nós não termos nos registrado naquela época, e buscado, através de uma faculdade, o nosso registro. Porque quando nós chegamos aqui, na FAMECOS, nós encontramos uma relação de grandes professores, que hoje tenho a oportunidade de ver alguns deles aqui presentes, e que fizeram com que os alunos daquela época, da FAMECOS, tivessem uma visão bastante aberta da profissão. Os professores da época, da FAMECOS, muito embora vivêssemos num regime ditatorial, mas eu lembro que os professores daquela época jamais cingiram os alunos da Faculdade dos Meios de Comunicação aos ditames daquela época. Houve sempre uma grande preocupação em formar realmente, verdadeiros profissionais. E, buscando formar esses grandes profissionais é que de repente nós temos, hoje, a oportunidade de vermos pessoas que fizeram a faculdade naquela época sendo expoentes nos meios de comunicação, e fazendo com que a verdade, que muitas vezes andava escondida, e que não deixava que a população tomasse conhecimento de tudo aquilo que acontecia, pudesse vir à tona, e de uma forma tão fantástica essa verdade vem à tona, que é capaz, aqui, no nosso Brasil, aqui, nesse Terceiro Mundo onde vivemos, até mesmo de derrubar presidentes. E isso é um trabalho que a gente nota que é fruto exatamente daquela gama de professores e daquela direção que era dada, exatamente a principal faculdade de meios de comunicação aqui do Rio Grande do Sul, no meu modo de entender a FAMECOS.

Eu tenho aqui a satisfação de poder, hoje, rever entre os professores daquela época, por exemplo, um dos que eu acredito ser um dos melhores professores de português, eu acho que do Brasil, Professor Irmão Mainard, que eu vi, quando estava penetrando no Plenário, que eu considero, realmente, um dos melhores professores de português do Brasil.

Está lá, o professor João Brito, radialista como eu e que através da cadeira de rádio, na FAMECOS, também, pode ensinar muito, realmente, daquilo que ele sabia, e ele sabia bastante, para aqueles alunos. Como é que os alunos, que passaram aquela época por lá, podem esquecer, por exemplo, das aulas de redação, de um dos maiores expoentes, eu acredito que nesta matéria, aqui no Rio Grande do Sul, nosso amigo Dr. Sérgio Campanelli.

Então, são tantos os professores daquela época, são tantos os exponentes, daquela época, que ensinavam os alunos. Eu me lembro, também, da professora Iara Bendati... São muitos e eu não vou citar todos. Mas, são muitos aqueles com os quais eu convivi, que eu aprendi a admirar, que eu aprendi a fazer jornalismo, exatamente, através daquela gente, que não tinha teoria, que não davam, para nós, apenas teoria. Com a sua função prática, eles faziam com que nós pudéssemos beber nas fontes das suas experiências. E pudéssemos, através dessas experiências exercer as nossas funções. Isto, realmente, fez com que os profissionais, que saíram da Faculdade dos Meios de Comunicação, possam, agora nos tempos atuais, estarem, realmente, fazendo um belíssimo trabalho, porque se nós compararmos os nossos meios de comunicação, as nossas empresas de comunicação, os nossos homens de comunicação da atualidade, e os homens de comunicação de algum tempo atrás. Claro que eu não estou falando na qualidade de transmitir a mensagem, ou na qualidade de imprimir qualquer tipo de mensagem, mas eu falo na sinceridade, na busca da verdade. Eu falo na pesquisa que é feita. Tudo isto, que faz com que a nossa população possa saber tim-tim por tim-tim o que está acontecendo na vida da nossa Nação.Tudo isso se deve, realmente, aos ensinamentos, que nós recebemos, que a nossa geração recebeu, da FAMECOS, que hoje está sendo homenageada nesses 40 anos.

Eu quero cumprimentar, aqui, mais uma vez, o Dr. Airton Santos Vargas, a sua esposa, recebendo o título de Cidadão Emérito, cumprimentar o Professor Antonio Firmo Gonzales que até hoje nos dá satisfação de dirigir a Faculdade dos Meios de Comunicação e a todos os meus professores, que foram a razão de eu vir aqui a esta tribuna, hoje, para também, em nome do Partido Trabalhista Brasileiro, fazer esta saudação, que eu, realmente, muito me orgulho de fazer por ter sido um dos alunos que passou quatro anos, desses quarenta que a FAMECOS está completando hoje. Um grande abraço. Obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Leão de Medeiros falará em nome de sua Bancada, o PDS, também pelo PMDB, PT, PTB e PPS. O Ver. Leão de Medeiros foi o autor do Requerimento, aprovado por unanimidade da Casa, concedendo o título de Cidadão Emérito ao Professor Airton Vargas. Com a palavra, o Ver. Leão de Medeiros.

 

O SR. LEÃO DE MEDEIROS: (Menciona os componentes da Mesa.) São inúmeras as personalidades presentes, já referidas, mas não posso deixar de registrar, novamente, a presença do Deputado Jarbas Lima, dos ex-Deputados Antonino Fornari, Pedro Américo Leal, Emídio Perondi, Lóris Reali, Solon Tavares, representante do Sr. Prefeito Municipal, Presidente da EPATUR – João Carlos de Melo D’Ávila, Dr. Jorge Pereira Lima – Diretor da Faculdade de Medicina. Minhas Senhoras, meus Senhores.

Efetivamente, Sr. Presidente, essa é uma Casa pobre, mas com muita sensibilidade. A sensibilidade de S.Exª em reunir, nesta mesma Sessão, a homenagem aos quarenta anos da FAMECOS e a concessão do título de Cidadão Emérito ao Professor Airton Vargas, revela que esta Casa possui uma percepção de que as duas solenidades se revestem e se irmanam, porque aqui temos a homenagem da Casa aos quarenta anos desta entidade formadora de, gerações e gerações, de comunicadores e esta Casa se reúne para dar o título a, talvez, um dos mais eméritos educadores desta terra, o Professor Airton Vargas.

“É a Educação verdadeiramente o mais sólido dos alicerces para a construção da grandeza e do desenvolvimento da Nação. É ela, igualmente, o mais importante fator de crescimento individual e de realização profissional”. Quem assim se expressou foi o Deputado Airton dos Santos Vargas, ao assumir uma das cadeiras da Assembléia Legislativa do Estado, em 1979. Iniciara uma atividade política intensa e que se repetiria por mais uma Legislatura e onde galgaria os mais altos postos administrativos: Delegado Regional do MEC, Reitor da Universidade de Caxias do Sul, Secretário da Educação e Cultura do Estado, Presidente da Assembléia Legislativa e Governador do Estado substituto. Em nenhum destes e outros postos elevados jamais se afastou, um centésimo de milímetro sequer, da educação e cultura.

Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é com muita honra que venho a esta tribuna falar em nome das Bancadas do PMDB, do PT, do PPS e também por uma deferência especial do Líder da minha Bancada Ver. João Dib.

A FAMECOS pelas palavras dos meus antecessores nesta tribuna, nada mais há a dizer. É ela responsável, meu caro Diretor Antonio Firmo Trindade, responsável por tudo aquilo que já se ouviu e há de se ouvir muito no transcorrer de sua vida consagradora no campo da educação. Mas na Exposição de Motivos do Projeto que concedeu a modesta homenagem ao professor Airton dos Santos Vargas e que tive a honra de elaborá-lo, salientei que a sua vida é toda uma consagração à causa pública. E o mais destacável, importante e invulgar é que, no desempenho das últimas atividades que exerceu, quer políticas, quer profissionais, sempre houve justiça nas suas decisões, equilíbrio e bom senso em seu trabalho. Foi jornalista, professor, político, mas com um objetivo, quase uma obsessão: a Educação.

Airton Vargas, em todos os altos postos que exerceu sempre se mostrou apaixonado pelas questões educacionais de nosso Estado. No Magistério, professor em várias instituições – da Escola de Polícia, da Academia Militar, do Colégio Anchieta, do Júlio de Castilhos, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da PUC – sempre preocupou-se pela qualidade do ensino. Mas, que na cátedra, quer no desempenho de mandato de Deputado Estadual, onde ombreou com os maiores nomes da vida pública Rio-grandense, quer no exercício de expressivos cargos administrativos – o de diretor do Colégio Júlio de Castilhos, o de sub-secretário do Ensino Médio e do Ensino Técnico, até atingir ao mais elevado cargo da Educação de nosso Estado, o de Secretário da Educação e Cultura, Airton Vargas esteve sempre voltado aos problemas educacionais de nossa gente (MARGS, Teatro S. Pedro, Museu Júlio de Castilhos).

Mesmo no exterior, seu trabalho sempre esteve dirigido à educação e à cultura: hóspede dos governos francês e português, pronunciou conferência sobre sistemas de ensino. Convidado, visitou estabelecimentos de ensino superior na Itália, Espanha, Holanda e Bélgica, e as Universidades de Buffalo, Nova York e Chicago.

Participou, ainda, em várias partes do mundo, a exemplo de São Diego, na Califórnia, e nas Universidades de São Francisco, Sacramento e Porto Rico, a convite da USAID. A vida do professor Airton Santos Vargas, cujo título de Cidadão Emérito, hoje concedemos, é um rosário de títulos honoríficos. Só de cidadanias de municípios gaúchos, atinge a 25, não se computando, neste rol, medalhas, diplomas e prêmios, a exemplo da Medalha de Ferro de Serviços Distintos da Brigada Militar, Prêmio Springer – por um Rio Grande Maior, Troféu RBS “Destaque em Educação” e de Professor Emérito da Universidade de Caxias do Sul, Ordem Nacional Mérito Educativo – Grau Cavaleiro – outorgado pelo Presidente da República.

Hoje, ainda dedica seu trabalho à Educação: é mais uma vez, Delegado do Ministério da Educação em nosso Estado. É extenso o curriculum de Airton Vargas, que nem cabe num pronunciamento protocolar como este.

Um destaque, no entanto, ainda se deve fazer, embora pareça ser repetitivo: desde a sua formação como bacharel e licenciado em Letras pela Universidade Federal e bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Pontifícia Universidade Católica, Airton Vargas jamais se afastou, um milímetro sequer, das suas convicções político-partidárias e dos problemas e questões educacionais de nossa terra.

Airton Vargas, hoje Cidadão Emérito da nossa Cidade, disse em seu discurso de posse na Assembléia, sempre entender “haver nítida inter-relação entre Educação e Cultura, pois que o homem integral, escopo de todo o processo formador, é, precisamente, o homem cultural, ou seja, aquele que é capaz de aprender e interpretar o mundo reflexivamente, abarcando-o em sua amplitude e complexidade, imprimindo-lhe significado à luz de sua conformação espiritual, orientando-o e modificando-o segundo sua inteligência e sua capacidade”.

Airton Vargas é, sem dúvida, o homem cultural que ele próprio definiu, pois soube abarcar o mundo em sua amplitude e complexidade com inteligência e capacidades invulgares. A esse homem cultural, a Cidade de Porto Alegre, através da sua Câmara de Vereadores, agradece tudo quanto a ele de bom e de grande fez por ela e lhe retribui, com modesto, mas sincero, título de Emérito, que ele, há muitíssimos anos, já o é. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Senhoras e Senhores, a partir deste momento estamos concedendo a palavra aos homenageados. Inicialmente, usará da palavra, para agradecer em nome da entidade homenageada pelo Ver. Antonio Hohlfeldt e pela Câmara, o jornalista Antonio Firmo Gonzales, que falará como Diretor da FAMECOS.

 

O SR. ANTONIO FIRMO GONZALES: (Menciona os componentes da Mesa.) Saúdo os Vereadores aqui presentes, Deputados, ex-Secretários de Estado, dirigentes de empresas de comunicação social e profissionais da área. Uma saudação especial aos que têm honrado com a sua colaboração, o Chefe de Departamento da FAMECOS e a Vice-Diretora Dóris Haussen, Brito, Gagá, Cláudia, Ana Maria Tasca, Magda, Elaine, o Bendatti, ora aposentado, e outros colegas que aqui estão presentes, demais dirigentes da PUC, minhas Senhoras, meus Senhores; meus amigos, minhas amigas; meu caro Ver. Antonio Hohlfeldt:

Pretendia, talvez, não realizar o discurso que ora farei, não digo discurso porque falar já é suficiente, mas prefiro, talvez, não me fazer acompanhar das anotações que trouxe, para dizer o que sinto, neste momento, de coração, como Diretor da Faculdade que estão homenageando. Mas, antes de falar da FAMECOS, quero, em nome da Faculdade, e creio, com a permissão máxima do Sr. Reitor Magnífico, Professor Irmão Norberto Rauch, render também as nossas homenagens, ao Prof. Airton Santos Vargas, a quem tenho a honra de acompanhar desde a época em que compareci ao gabinete do então Secretário Ariosto Jaeger, lá por 1950 e alguns quebrados, e fui atendido, por reivindicações que pleiteava pelo DCE, pelo seu Chefe de Gabinete, Airton Santos Vargas. Desde aquela época acompanhei a sua trajetória, como Professor, Diretor, Deputado, Presidente da Assembléia, Reitor, hoje Delegado do MEC. Trata-se Airton Vargas, de uma pessoa que honra às tradições educacionais e culturais do nosso Estado, que honra as suas tradições políticas, porque foi um homem que exerceu política, pertencendo a agremiações. Mas sempre colocou acima dos interesses das agremiações os interesses da sociedade, da comunidade gaúcha e brasileira. Meu caro Ver. Antonio Hohlfeldt, autor da proposição em homenagem pelos 40 anos da Faculdade que dirijo e dos 20 anos do Curso Superior de Turismo a ela integrado, são enormes os agradecimentos devidos por esta homenagem, de Hohlfeldt como Vereador, mas, sobretudo, de Hohlfeldt como Professor, de Hohlfeldt como colega em diversos jornais, de Hohlfeldt como amigo e companheiro de uma luta pela dignificação permanente da comunicação social. Srs. Vereadores, Isaac Ainhorn, Luiz Braz e Leão de Medeiros, também a nós dirigiram palavras elogiosas que serão um incentivo permanente para que na FAMECOS, hoje considerada mercê do trabalho de seus professores, do apoio da alta administração e, sobretudo, da colaboração de seus alunos, uma das maiores e melhores faculdades do País e da América Latina, suas palavras serão incentivo para que prossigamos com esse trabalho. Minhas senhoras e meus senhores, meu caro Presidente Dilamar Machado, quem hoje chegar a FAMECOS, constatar o seu desenvolvimento, ler as pesquisas da editora Abril que a classifica entre as três melhores do País, ler os relatórios da Comissão Fullbright que a classifica entre as cinco melhores da América Latina, da área, não imagina como a isso chegamos. Quem vai a FAMECOS, vê seus laboratórios tão modernos quanto os existentes na empresa, estúdios de televisão, de rádio, agências de propagandas, assessoria de relações públicas, e a partir dos próximos meses totalmente informatizada devido a planos aprovados pela alta administração da PUC. Muitas vezes fico a imaginar como chegamos a isto. A FAMECOS, Senhoras e Senhores, iniciou, praticamente, em 1949 quando, por designação do então Reitor Armando Câmara, foi concedido um estudo sobre a viabilidade da existência dos então cursos de jornalismo, que são a célula mater de toda a estrutura da comunicação social. Estudos feitos vieram a demonstrar a integração de uma universidade com a sua comunidade, estudos feitos em atendimento às reivindicações à época da Associação Riograndense de Imprensa, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais e das empresas mais desenvolvidas do Estado, que era a Companhia Jornalística Caldas Júnior, como então se denominava, e os Diários e Emissoras Associadas. Já em 1950, o Conselho Universitário e o Conselho Superior da Administração autorizaram o seu funcionamento que foi referendado em 1951 pelo Conselho Federal de Educação. Comemoramos o aniversário, não em 49, não em 50, não em 51, mas a partir de 52, época em que foi realizado o primeiro vestibular e ingressaram na faculdade os integrantes da primeira turma. Por que isso? Porque antes já havia professores, havia uma estrutura administrativa, havia uma estrutura física, mas não havia a principal peça para a qual está voltado todo o sistema, que é o aluno. Então, comemoramos a partir do momento em que existiu a conjugação, docentes, alunos e funcionários. Minhas senhoras e meus senhores, uma das características da FAMECOS, através dos tempos, tem sido sua integração, como desde o início o foi, com mercado  profissional e empresarial. Com uma homenagem aos esforços da PUC, pela criação do curso, a primeira turma foi integrada pelos nomes mais respeitados do jornalismo gaúcho à época, Arlindo Pasqualini, Adail Borges Fortes da Silva, Adir Borges Fortes da Silva, o inesquecível colunista da cidade João Bergman, Mathilde Zattar, Ligia Nunes e tantos outros que ali foram receber ensinamentos de professores ilustres na área humanística, mas que muitas vezes não tinham conhecimento profundo na área técnica, ou tão profundo quanto seus alunos, pois os que vinham da área técnica, somente dois estavam integrados ao mercado, Alberto André e Nilo Ruschel, brilhantes professores. Os demais, apenas se limitavam ao conhecimento teórico, ensinando a prática para Arlindo Pasqualini, que era Diretor da Folha da Tarde, para Adail Borges Fortes da Silva, editor-chefe do Correio do Povo e para outros colegas de grande destaque da época. Vieram com homenagem ensinar, incentivar e apoiar. Eu tive a satisfação, ingressei um pouco depois, de já ter os alunos da primeira turma como professor, e um dia eu perguntava a Arlindo Pasqualini, Major, como chamavam, o título honorífico dos diretores de jornal na época. “Major, valeu a pena? Valeu muito, Gonzales, a Faculdade me deu o que eu não tinha, uma cultura, uma visão universal e uma visão mais crítica”.

Mas, do curso de jornalismo, então ligado à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, já em 63, a PUC criava a Escola de Jornalismo Autônoma. Em 65, com base na Encíclica Inter Mirifica, do Papa Paulo VI criou a Faculdade dos Meios de Comunicação Social, a primeira do gênero no País, e antes que o próprio ensino curricular fosse regulamentado, pois o currículo mínimo dos cursos de Comunicação, das diversas especialidades e polivalências seria criado apenas em 69.

Se antecipou, como tem-se antecipado em todas as suas fases de desenvolvimento. Estava a FAMECOS criada com suas especializações: publicidade, relações públicas, jornalismo. E posteriormente em 72 seria criado o curso de Turismo.

Mas, com todo este desenvolvimento não abandonou suas características básicas de uma grande integração com o mercado empresarial e profissional. Passou a desenvolver atividades conjuntas com todas as entidades da área, sejam de empresários ou de trabalhadores.

Aqui está presente Clair Lobo Rochefordt, Diretor do Teatro Popular de Pelotas. Em 1973, reparando a FAMECOS que era necessário desenvolver o mercado do interior para que pudesse abrigar os seus formados, iniciamos um programa com a então principiante, também, Associação dos Jornais do Interior, com a colaboração da ARI, e passamos a desenvolver programas em conjunto. Talvez naquela época existissem 30 ou 40 jornais no interior, hoje chegam a 200, com a mais elevada tecnologia servindo às suas comunidades. Rádios eram 40 ou 50, hoje chegam a 300. E tivemos a honra de colaborar para que isto acontecesse.

Na área da propaganda, a FAMECOS se integrou à ABAP, ao sindicato da área, e passou a realizar promoções, que hoje são de características internacionais, reconhecidas em todo o mundo. Em relações públicas a mesma coisa. E agora estamos fazendo o mesmo em nosso curso de turismo. Aqui está Mário Ramos que nos acompanha há anos, aqui está o nosso Presidente da EPATUR, o Ávila, que sabe dos projetos que estão sendo desenvolvidos, agora para desenvolver o turismo no Rio Grande do Sul. Porque nós não acreditamos numa faculdade, numa universidade que se limite somente a expedir diplomas. Nós acreditamos que além da função comunitária, da função pós-graduação, é básico para uma universidade a função extensionista. É necessário que esteja perfeitamente em condições de formar graduados que possam enfrentar as condições atuais do mercado e que possam ajudar a melhorar esse mercado, em benefício de toda a sociedade. É necessário que traga para dentro de seus muros os já formados para aperfeiçoá-los.

Minas Senhoras e meus Senhores, sem dúvida alguma se trata de trabalhos importantes que são exercidos na Comunicação Social, eu sou um apaixonado pela área, como estou a demonstrar, mas temos encontrado alguns empecilhos eventuais, o Hohlfeldt citou um deles, afirmando que estão querendo destruir os cursos de Comunicação Social neste País. É uma maneira meio indireta de expressar o assunto, porque na realidade esses eventuais combatentes de trincheiras escusas não dizem claramente o que querem, na realidade não são contra os cursos, são contra as regulamentações profissionais que reconheceram status superior às diversas graduações da área e sabem que status superior corresponderá, evidentemente, a condições de trabalhos ideais e a salários compatíveis com a importância da função. Na realidade, não dizem que não estamos restringindo a liberdade de escolha de veículos, agências e assessorias. Nós apenas estamos a querer que dentre os habilitados tenham a liberdade de escolher os melhores. Na realidade, somos dos que acreditam que as empresas para serem prósperas necessitam da colaboração de seus funcionários, somos dos que descrêem nos trabalhadores que queiram destruir empresas, mas somos também daqueles que não acreditam em instituições que querem ser grandes e se locupletam à custa de seus empregados e de baixos salários.

Minhas senhoras e meus senhores, em se tratando de uma Faculdade de Comunicação Social, ligada a uma Universidade Católica, temos, além da preocupação do ensino técnico, a de também ensinar uma ética profissional e social compatíveis com a importância da função a todos que ali se graduam. Entendemos, e dizia Braz, que jamais restringimos nossos alunos em suas manifestações, nem na mais negra época do autoritarismo, não fizemos isso. Jamais ocorreu na FAMECOS, por exemplo, de o Diretor querer saber, antes da formatura, qual era o discurso que o aluno-representante faria. Por que não fizemos isso? Porque empregamos e pregamos, como básico para a Comunicação Social, a livre manifestação de pensamento, uma manifestação de pensamento responsável e, sobretudo, comprometida com a verdade. Somos  - e quando digo somos é o conjunto todo da Faculdade, das nossas Instituições – dos que lutam por uma liberdade de formação, mas não uma liberdade de informação do comunicador, não uma liberdade de comunicação do empresário da área, mas, sim, uma liberdade de comunicação de direito de informação, que quem tem é a sociedade. Na realidade, o comunicador social deve ter em mente o permanente exercício responsável de suas atividades, porque ele está a exercer o direito da informação em nome da coletividade, por delegação tácita que lideram através do tempo, uma delegação para os quais nós não fomos votados, e que portanto se exige grandiosidade, humildade para exercer tal mandato.

Minhas Senhoras e Senhores; meu Presidente da Câmara; Ver. Antonio Hohlfeldt proponente da homenagem pelos 40 anos da FAMECOS, nos sentimos honrados, inclusive, com a presença de todas as autoridades que aqui compareceram, que me seria difícil nomeá-las, mesmo não o faria para não cometer injustiças. Mas, é homenagem a presença dos Senhores e das Senhoras, o que sem dúvidas, será motivo para que a FAMECOS evolua, para que a FAMECOS continue o seu trabalho, continue a servir a toda a comunidade e seus alunos. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convidamos o Ver. Leão de Medeiros, autor da Proposição, para que proceda à entrega do Título ao nosso homenageado.

 

(É procedida a entrega do Título.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Tenho a honra de conceder a palavra ao nosso novo Cidadão Emérito da Cidade, Deputado e Prof. Airton dos Santos Vargas.

 

O SR. AIRTON DOS SANTOS VARGAS: Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Dilamar Machado, em o saudando, quero saudar a todos os Vereadores da Câmara Municipal de Porto Alegre; Exmo. Sr. Representante de S.Exª o Sr. Governador do Estado do Rio Grande do Sul, Secretário Extraordinário da Casa Civil, Sérgio Porto; Exmo. Sr. Deputado Jarbas Lima, que honra, sobremodo, o Legislativo Rio-grandense; Exmo. Sr. Diretor dos Meios de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Jornalista Antonio Firmo Gonzales, a quem desejo saudar num instante em que esta instituição, de tantas tradições, de tantos serviços prestados à coletividade rio-grandense e brasileira, completa 40 anos, 40 anos de verdade, 40 anos de luta, 40 anos de incompreensões, 40 anos que somente os fortes, e aqueles que acreditam no que estão a fazer, podem responder a tudo e a todos com altivez e com a certeza de que estão, acima de tudo, prestando os seus serviços a sua coletividade, à coletividade rio-grandense, à coletividade brasileira e, fundamentalmente, sendo partícipes definitivos da consolidação do regime democrático em nosso País.

Exmo. Sr. Magnífico Reitor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Irmão Norberto Rauch; Exmo. Sr. Magnífico Reitor da Universidade de Caxias do Sul, Prof. Ruy Pauletti; Exmo. Sr. Presidente do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Dr. Carlos César de Albuquerque; Exmo. Sr. Dr. Jorge Pereira Lima, Diretor da Faculdade de Medicina Católica Federal, Sr. representante do magnífico Reitor da Unisinos, meu prezado amigo ex-Secretário do Estado, Dr. Mário Ramos, meus ex-colegas de representação parlamentar Deputado Emídio Perondi, Pedro Américo Leal, Solon Tavares, Loris Realli, Antoninho Fornari. Ilustríssimo Sr. Presidente do Conselho Estadual de Educação do Rio Grande do Sul, Prof. Roberto Said, Exmo. Sr. Dr. Clair, Diretor do Diário Popular de Pelotas, meu prezado amigo, ilustre jurista Dr. Paulo Pinto de Carvalho, ex-delegado do Ministério da Educação, Professor Tidio Martins, ex-Reitor Magnífico da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Professor Luiz, Sr. Presidente da EPATUR, José Carlos de Mello D’Ávila, Sr. Presidente do Conselho da FEPLAN, Professor Antonio Carlos Ferreira de Mello, meus colaboradores da Delegacia do Ministério da Educação, meus amigos e minhas amigas.

Neste momento de agradecimentos, em primeiro lugar, digo de minha imensa satisfação e alegria por receber a distinção de “Cidadão Emérito de Porto Alegre”. Quando os insignes representantes do povo porto-alegrense inserem meu nome, na galeria dos notáveis cidadãos da Capital gaúcha, prestam-me uma homenagem que recebo com a humildade de quem, ainda, muito tem a fazer por nossas instituições e pela nossa gente. De modo muito especial, pelas instituições educacionais e pela juventude do Rio Grande e do Brasil.

Esta Egrégia Câmara Municipal de Porto Alegre tem uma tradição de lutas pela liberdade e pela justiça. O trabalho desta Casa, em nossos dias, vem sendo marcado por uma importância renovada. Renovada, porque graves são os problemas decorrentes do desenvolvimento econômico e do crescente aparecimento das grandes concentrações urbanas. Esses problemas se avolumam – é certo – pelo crescimento e pelo próprio progresso.

Por isso mesmo, as dificuldades do momento exigem dedicação e coragem por parte de todos os cidadãos e, de modo muito particular, dos representantes do povo de Porto Alegre. Sei que esta Casa tem correspondido plenamente. Sei, também, que este desafio não admite soluções simples. Na verdade, o drama da nossa Capital não é mais do que um sinal da própria condição de país em desenvolvimento.

Esta Casa, por cada um e por todos os seus representantes, tem sido avara de entender o sentido profundo dos problemas sociais, exercitando o diálogo político. “Dialogar – como bem disse João Paulo II – é descobrir”. Senhor Presidente, Senhores Vereadores – Vossas Excelências têm sabido avançar na descoberta dos outros, pelo diálogo, aperfeiçoando o processo legislativo, com respeito à pessoa humana, aos seus valores, à sua cultura, à sua autonomia, contribuindo, sobremaneira, para a justiça e a solidariedade entre os homens.

Devo confessar-lhes, com perdoável orgulho, que este prêmio, entre outros que tenho recebido, ao longo de minha vida pública, tem o esplendor de um coroamento, e me chega ao coração, na trilha dos meus serviços ao Rio Grande do Sul, a Porto Alegre, em particular, como a luz benfazeja de uma alta estrela que se erguesse sobre o meu destino.

Seja-me oportuno dizer, à guisa de justificação – que tenho procurado, desveladamente, servir a Educação e a Cultura. Sirvo-as de há muito, no quadro de uma democracia de partidos políticos. E os partidos políticos são nosso caminho constitucional, na exaltação do homem-cidadão, que não é um produto da História ou objeto do Estado, senão autor e ator do processo democrático.

Nesse quadro, muito me honra que a proposição do ilustre Vereador José Antônio Leão de Medeiros tenha recebido a aprovação, por unanimidade, desta Casa do Povo. Para mim, isso tem um significado especial. Assim, posso afirmar – com a minha fé crescente na democracia -  que caminhamos pela trilha do bem comum, levando a bandeira da perpétua esperança, e percorrendo os caminhos abertos e batidos do sol da liberdade, sob cuja luz devemos cumprir a nossa destinação histórica.

Permito-me lembrar que, durante minha gestão como Secretário de Estado dos Negócios da Educação, na administração de 1975 a 1979, ao seu final, entregamos – construídas, reformadas e ampliadas – mais de cento e cinqüenta escolas em Porto Alegre, com investimentos totais – na época – de mais de Cr$ 1,081 bilhão de cruzeiros. Cito este fato, para realçar que o processo educativo, como sempre o entendi, pressupõe, um encontro de coordenação da infra-estrutura com a estrutura espiritual dos educandos, para fazer da vida do homem e de seu ambiente uma unidade, que assegure a energia vital e os princípios e os valores que constituem suas normas e sua direção de comportamento e ação.

A aprendizagem – como a entendo – deve estar fundamentada numa concepção orgânica e hierárquica do mundo, que possa promover a integridade do ser e a plenitude da  vida, conforme o contexto histórico no qual o indivíduo se realiza como pessoa e como cidadão. Essa é a educação que sempre desejei – e continuo a desejar – para a juventude brasileira.

Igualmente, no setor cultural, tive oportunidade de iniciar a restauração do Teatro São Pedro; realizar a instalação definitiva do Museu de Arte do Rio Grande do Sul; a restauração do Museu Júlio de Castilhos e a restauração da Biblioteca Pública do Estado, entre outras realizações.

Agora mesmo, na condição de Delegado do Ministério da Educação no Rio Grande do Sul – sob a firme e segura orientação de Sua Excelência o ilustre Ministro Eraldo Tinoco – repassamos um total de Cr$ 53.5 bilhões para financiamento de projetos na área da Educação Básica, atendendo a 93,68% dos municípios. O total dos recursos ficou assim distribuído: Cr$ 15 bilhões para a Secretaria de Educação do Estado; Cr$ 2,5 bilhões à Prefeitura Municipal de Porto Alegre; mais Cr$ 36 bilhões para as Prefeituras Municipais do Rio Grande do Sul. É nesse quadro que o Ministro Eraldo Tinoco entende que a universalização e a qualidade da Educação Básica reclamam uma ampla mobilização de esforços e recursos.

Minha preocupação foi sempre progredir no aperfeiçoamento dos recursos humanos. Meu entendimento é o de que somente desta forma se alcançará, como é desejo de todos, um substancial aumento do nível de renda per capita.

Uma maior estrutura educacional e uma crescente melhoria qualitativa da educação levam, necessariamente, ao crescimento econômico. Durante as últimas décadas, os países que mais pesadamente investiram em educação, em todos os níveis, foram os que se desenvolveram a taxas mais rápidas do que os outros, sendo os casos mais notáveis de crescimento célere os da França, da Alemanha e do Japão.

O que passa a ocorrer, nesses países, é que – no setor primário – aumenta a produtividade agrícola, diminuindo, proporcionalmente, a população ativa empenhada na agricultura, para menos de vinte e cinco por cento. Alguns países, tal como a Grã-Bretanha, que importam alimentos, têm apenas cinco por cento de pessoas ocupadas na agricultura; os Estados Unidos, com sua excepcional produtividade agrícola, tinha apenas doze por cento, em 1969.

De modo análogo, em grande número de países desenvolvidos, uma proporção crescente da força de trabalho é empregada em ocupações terciárias – e uma percentagem declinante encontra-se no setor industrial, compreendendo manufaturas, mineração, construções e transportes.

Este – ao longo do tempo – tem sido o sentido de minha atuação na educação, visto que a característica essencial de todos os países de grande desenvolvimento é um estoque relativamente grande de recursos humanos de alto nível.

Minha preocupação foi conduzir o Brasil no rumo desses países, por meio do processo educacional. Todos esses países – de que tratei – já alcançaram, atualmente, a educação universal primária. Em muitos desses países, a educação de segundo nível está em vias de transformar-se em sistema universal.

Esta a minha concepção de educação voltada para o crescimento econômico. Esta a contribuição que -  ao longo do meu trabalho, tenho procurado marcar.

Julgo ter sido uma homenagem a este trabalho que meu ilustre ex-aluno, Vereador José Antônio Leão de Medeiros, pretendeu, ao propor meu nome para que se inserisse na galeria dos cidadãos eméritos de Porto Alegre. A escolha do meu nome confere-me uma alta honra; eis que a liberdade dos representantes do povo porto-alegrense, em sua plenitude, em seu consenso, em sua unanimidade, marca uma retomada das minhas forças e da minha fé – para que as ponha ao serviço da educação do Brasil.

Ao Vereador José Antônio Leão de Medeiros, o meu afeto e a minha gratidão. Homem público de extraordinários méritos – de tantas realizações nesta Câmara Municipal – foi, como Chefe de Polícia de nosso Estado, um baluarte na defesa dos direitos humanos, na preservação da segurança das pessoas, das instituições e da própria sociedade.

As realizações do Vereador Leão de Medeiros, nesta Câmara Municipal, servem de paradigma à responsabilidade dos homens públicos, pela convergência de suas iniciativas com os interesses maiores do povo porto-alegrense. Para realçar apenas algumas dessas realizações, posso citar a limitação da cobrança do IPTU; a  criação do Conselho Municipal de Entorpecentes; a institucionalização da Guarda Municipal; o livre funcionamento do comércio nos fins de semana e o dispositivo da Lei Orgânica do Município que estimula o cidadão à doação de órgãos. Matérias – todas elas – de importância e de relevância para a comunidade da Capital.

A tradição desta Casa do Povo tem marcado – no cenário da vida pública rio-grandense e brasileira – características de capacidade, competência, probidade e dedicação. Que outros atributos – senão esses mesmos – podem melhor qualificar a personalidade do ilustre Vereador Leão de Medeiros? Suas ações e realizações são atestados eloqüentes do quanto Porto Alegre deve a esse Representante do Povo, que segue na mesma trilha do marcante exemplo legado por seu saudoso pai, ex-Deputado Estadual Poty Medeiros.

Senhor Presidente, Senhores Vereadores, no recinto desta nobre Câmara Municipal de Porto Alegre, na presença de Vossas Excelências e das figuras representativas de todos os setores que compõem a vida de nossa Capital, recebo este galardão. Meus agradecimentos a todos os senhores.

Meus agradecimentos a todos, realçando que meu amor a Porto Alegre vem de longe. Do estudante das suas universidades que – em sentimentos e recordações gratas – encontrava, na declamação da homenagem de Mário Quintana a nossa Capital, um comovente convívio intelectual e espiritual. Vem de longe e cresceu com os amigos – dos mais afetivos que a vida me deu. Porto Alegre da evocação dos seus encantamentos, da sua história, do seu valor humano. Porto Alegre do seu destino de grandeza à altura da grandeza do seu povo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Senhoras e Senhores, antes de encerrar os trabalhos desta Sessão, gostaria, em nome dos Vereadores proponentes das Homenagens, agradecer a tão ilustres presenças que enriqueceram esta Sessão dedicada a homenagear os 40 anos da FAMECOS e entregar o Título de Cidadão Emérito ao Professor Airton Vargas. Muito obrigado pela presença de todos.

 

(Levanta-se a Sessão às 19h16min.)

 

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